Venezuela: Cristas defende que Portugal deve ter voz ativa contra a ditadura de Maduro | ||||
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“Portugal deve ser uma voz particularmente ativa para persuadir os nossos parceiros europeus para termos uma ação significativa de apoio a um regime democrático e ao fim de uma ditadura”, frisou Assunção Cristas, à margem de um encontro com jovens da Escola Secundária Domingos Sequeira, em Leiria. Confrontada com a possibilidade de um plano para retirar os cidadãos portugueses, a líder do CDS-PP adiantou que desde a primeira hora o seu partido tem dito que “era preciso a União Europeia e Portugal tomarem uma posição forte, dizendo de que lado estavam: do lado da democracia e não do lado da ditadura e do regime que está há muito tempo a destruir o regime venezuelano”. “Há muito tempo que temos manifestado a preocupação, e com propostas concretas no Parlamento para apoiar os portugueses e os lusodescendentes na Venezuela”, disse, apoiando as “eleições livres e democráticas que Juan Guaidó vem defendendo”. Assunção Cristas disse esperar que a ação portuguesa e da União Europeia seja de “pressão”, para que as “consequências possam ser rápidas, porque cada dia que passa é um dia que povo venezuelano sofre e em que muitos lusodescendentes sofrem”. “Claramente, Maduro não tem nenhumas condições para continuar à frente da Venezuela. É importante que se crie espaço para que haja eleições livres rapidamente e se possa iniciar rapidamente um outro capítulo na Venezuela. Tudo isto tem de ser articulado ao nível da União Europeia”, disse. Sem querer se alongar sobre as declarações do ministro da Defesa, Assunção Cristas considerou que era importante primeiro obter esclarecimentos e “perceber em que contexto é que isto pode acontecer”. “O que volto a dizer é que na perspetiva do CDS, o governo e a própria União Europeia deveriam reconhecer o governo de Guaidó, porque é aquele que pode abrir portas para eleições livres”, reiterou. Para a líder do CDS-PP, é “sempre tarde” para se concretizar a transição na Venezuela, “porque há um regime que tem feito muito mal ao seu povo e não tem condições para continuar”. “Como é que isso se pode operacionalizar é uma questão que procuraremos saber junto do governo e esse é um dado novo e não deixaremos de procurar esclarecimentos. Não temos dúvida de que lado é que estamos nem qual deve ser a posição do governo e da União Europeia. O ministro da Defesa disse na quarta-feira que, se a situação na Venezuela justificar, terão de existir planos para apoiar portugueses e lusodescendentes que queiram sair daquele país. Questionado em Bucareste, na Roménia, à margem da reunião informal dos ministros da Defesa da União Europeia, sobre se há algum plano para retirar portugueses e lusodescendentes que queiram sair do país com ajuda das forças militares, João Gomes Cravinho frisou que "isso ainda não está em cima da mesa". “Naturalmente que, se a situação o justificar, teremos de ter planos para tal.” João Gomes Cravinho assinalou que esta “é uma matéria que tem sido discutida de forma hipotética, com outros países também, mas, por enquanto, não há nenhuma circunstância que justifique acionar”. A crise política na Venezuela agravou-se há uma semana, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro. Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres. Nicolás Maduro, 56 anos, chefe de Estado desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento, maioritariamente da oposição, como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos da América. A União Europeia fez um ultimato a Maduro para convocar eleições nos próximos dias, prazo que Espanha, Portugal, França, Alemanha e Reino Unido indicaram ser de oito dias (a contar desde sábado passado), findo o qual os 28 reconhecem a autoridade de Juan Guaidó e da Assembleia Nacional para liderar o processo eleitoral. A repressão dos protestos antigovernamentais da última semana provocou 35 mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais. Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados das Nações Unidas. Na Venezuela, antiga colónia espanhola, residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.
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